No caminho não trocaram mais do que duas palavras. O Paulo estava demasiado preocupado com a Gabriela, mais do que queria demonstrar. Não podia esquecer que um dos seus grandes amigos, e marido da mulher que viajava ao seu lado, acabara de morrer em circunstâncias trágicas e misteriosas. Era precisamente a vontade de desvendar desse mistério que agora o motivava.
Joana, por seu lado, estava ainda em choque. Toda a tristeza que lhe causava a morte do marido era abafada, ainda, pela estranheza de todos os acontecimentos. Não sabia o que pensar mas haveria de chorar e sofrer ainda muito, logo que tudo fosse explicado e o seu corpo e mente se unissem para chegar à terrível hora de constatar que agora estava só, porque o amor da sua vida jazia inerte numa banheira.
- Olha, aquele deve ser o tal Chico…
- Sim, ele deve estar à nossa espera.
…
…
…
- Boa noite!
- Boa noite. Chico? Certo?
- Certo. Muito prazer.
- Bom, eu sou o Paulo, e aproveito para apresentar a Joana, mulher…bom, agora viúva, do Pedro.
- Estou em choque. Não esperava por esta. Quando vi a chamada do Pedro pensei que era algum engano. Mais convencido disso fiquei quando ouvi a mensagem. Tentei ligar de volta para esclarecer com ele, e foi quando falámos…
- Aí reside para já um problema! O Pedro estava já morto há hora que tu dizes que ele ligou…
- Tenho aqui o registo da chamada, Paulo, verifica tu mesmo…
…
- Pois. Tens razão. E isso é só mais um mistério por explicar…
- Mas há mais?
- Nem imaginas…acho eu…conhecias o Tiago?
- Qual Tiago?
- Um que era vizinho do Pedro quando vivia com os pais…
- Ah, sim claro! Éramos todos amigos…mas porque é que falas dele no passado? Não me digas que também morreu!?
- Isso mesmo. O Pedro recebeu essa notícia hoje de manhã…
- Meu Deus! E então, como é que ele morreu?
- Não se sabe muito bem, mas isso não é o mais estranho…
- Então?
- O Pedro recebeu uma chamada do Tiago, imediatamente a seguir a ser informado da sua morte…
- Não posso acreditar! A sério? A dizer o quê?!
- Não me disse. Mas quase que posso adivinhar que terá sido qualquer coisa do género: “A seguir és tu…”.
- Achas?
- Ainda não perceberam…primeiro morre o Tiago e o Pedro recebe a chamada, depois morre o Pedro e tu recebes a chamada!! O próximo só podes ser tu, Chico!
- Porra, nem me digas uma coisa dessas! O que é que faço agora?
…
- Paulo?
- Sim, Joana.
- Fala-lhe da data…
-Ah, é verdade!
…
- Qual data Paulo?
- Quando estávamos em minha casa, a água da banheira onde encontrámos o Pedro começou a ferver…
- A ferver?
- Espera, deixa-me acabar…a água começou a ferver e embaciou o espelho. Nesse momento começaram a desenhar-se alguns números que formaram uma data.
- Que data?
- 12-08-1986
…
…
…
- Que cara é essa Chico?
…
- Chico!?
-Eu sabia…eu sabia…
- Mas sabias o quê?
- Isto ia acabar por se virar contra nós…
- Isto o quê pá?? Fala de uma vez!
…
- Chico? Conta-me tudo já! Estou preocupado com a minha mulher que desapareceu de casa e nem sei o que sou capaz de te fazer! DESEMBUCHA!!!
- Bom, vou contar-vos algo que nunca contei a ninguém. Mas acho que a situação exige que o faça. Vocês têm que saber.
- Estamos a ouvir, vá, conta lá…
- Em Agosto de 86, nesse dia, estávamos todos a brincar à beira do rio. Era uma coisa que fazíamos com frequência, especialmente nas férias de Verão. Aquela zona do rio era particularmente engraçada porque fazia um pequeno açude onde aproveitávamos para dar uns mergulhos ao final da tarde. Éramos miúdos, passávamos o dia com aquelas brincadeiras habituais, a apanhada, a macaca, bom vocês sabem, são da mesma geração. Era a nossa diversão…levávamos lanche e por ali ficávamos horas naquilo. Naquele dia, no entanto, estávamos todos longe de imaginar o que estava para acontecer…
- Oh homem, tu queres matar-me de curiosidade! Conta logo de uma vez!
- Desculpa, Paulo, mas ainda me custa falar sobre isso…mas pronto, adiante! Estava eu a dizer que aconteceu algo naquele dia que nos afectou a todos. Algo que, na verdade, viria a mudar as nossas vidas!
Joana, por seu lado, estava ainda em choque. Toda a tristeza que lhe causava a morte do marido era abafada, ainda, pela estranheza de todos os acontecimentos. Não sabia o que pensar mas haveria de chorar e sofrer ainda muito, logo que tudo fosse explicado e o seu corpo e mente se unissem para chegar à terrível hora de constatar que agora estava só, porque o amor da sua vida jazia inerte numa banheira.
- Olha, aquele deve ser o tal Chico…
- Sim, ele deve estar à nossa espera.
…
…
…
- Boa noite!
- Boa noite. Chico? Certo?
- Certo. Muito prazer.
- Bom, eu sou o Paulo, e aproveito para apresentar a Joana, mulher…bom, agora viúva, do Pedro.
- Estou em choque. Não esperava por esta. Quando vi a chamada do Pedro pensei que era algum engano. Mais convencido disso fiquei quando ouvi a mensagem. Tentei ligar de volta para esclarecer com ele, e foi quando falámos…
- Aí reside para já um problema! O Pedro estava já morto há hora que tu dizes que ele ligou…
- Tenho aqui o registo da chamada, Paulo, verifica tu mesmo…
…
- Pois. Tens razão. E isso é só mais um mistério por explicar…
- Mas há mais?
- Nem imaginas…acho eu…conhecias o Tiago?
- Qual Tiago?
- Um que era vizinho do Pedro quando vivia com os pais…
- Ah, sim claro! Éramos todos amigos…mas porque é que falas dele no passado? Não me digas que também morreu!?
- Isso mesmo. O Pedro recebeu essa notícia hoje de manhã…
- Meu Deus! E então, como é que ele morreu?
- Não se sabe muito bem, mas isso não é o mais estranho…
- Então?
- O Pedro recebeu uma chamada do Tiago, imediatamente a seguir a ser informado da sua morte…
- Não posso acreditar! A sério? A dizer o quê?!
- Não me disse. Mas quase que posso adivinhar que terá sido qualquer coisa do género: “A seguir és tu…”.
- Achas?
- Ainda não perceberam…primeiro morre o Tiago e o Pedro recebe a chamada, depois morre o Pedro e tu recebes a chamada!! O próximo só podes ser tu, Chico!
- Porra, nem me digas uma coisa dessas! O que é que faço agora?
…
- Paulo?
- Sim, Joana.
- Fala-lhe da data…
-Ah, é verdade!
…
- Qual data Paulo?
- Quando estávamos em minha casa, a água da banheira onde encontrámos o Pedro começou a ferver…
- A ferver?
- Espera, deixa-me acabar…a água começou a ferver e embaciou o espelho. Nesse momento começaram a desenhar-se alguns números que formaram uma data.
- Que data?
- 12-08-1986
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- Que cara é essa Chico?
…
- Chico!?
-Eu sabia…eu sabia…
- Mas sabias o quê?
- Isto ia acabar por se virar contra nós…
- Isto o quê pá?? Fala de uma vez!
…
- Chico? Conta-me tudo já! Estou preocupado com a minha mulher que desapareceu de casa e nem sei o que sou capaz de te fazer! DESEMBUCHA!!!
- Bom, vou contar-vos algo que nunca contei a ninguém. Mas acho que a situação exige que o faça. Vocês têm que saber.
- Estamos a ouvir, vá, conta lá…
- Em Agosto de 86, nesse dia, estávamos todos a brincar à beira do rio. Era uma coisa que fazíamos com frequência, especialmente nas férias de Verão. Aquela zona do rio era particularmente engraçada porque fazia um pequeno açude onde aproveitávamos para dar uns mergulhos ao final da tarde. Éramos miúdos, passávamos o dia com aquelas brincadeiras habituais, a apanhada, a macaca, bom vocês sabem, são da mesma geração. Era a nossa diversão…levávamos lanche e por ali ficávamos horas naquilo. Naquele dia, no entanto, estávamos todos longe de imaginar o que estava para acontecer…
- Oh homem, tu queres matar-me de curiosidade! Conta logo de uma vez!
- Desculpa, Paulo, mas ainda me custa falar sobre isso…mas pronto, adiante! Estava eu a dizer que aconteceu algo naquele dia que nos afectou a todos. Algo que, na verdade, viria a mudar as nossas vidas!
"Oh homem, tu queres matar-me de curiosidade! Conta logo de uma vez!"
porque nem eu diria melhor....
agora vou ter que morrer de curiosidade até amanhã???